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Os Mitos da Colaboração


Com o advento das metodologias ágeis e de novas formas de trabalhar em grupo, os membros das equipes têm sido cada vez mais exigidos a trabalharem com mais autonomia e de forma mais colaborativa.


Mas como trabalhar com mais autonomia e colaboração se, ao longo de nossa trajetória profissional, fomos exigidos a obedecer uma rígida estrutura de comando e controle?


Fazer essa transição do comando e controle para a autonomia e colaboração não é tão simples, pois demanda um olhar atento para as crenças arraigadas na cultura organizacional, moldadas a partir de muitos anos no paradigma do comando e controle.


Quando iniciamos os primeiros passos para uma cultura colaborativa, é comum surgirem alguns mitos que nos atrapalham nessa transição.


Todos precisam participar de todas as decisões


Um primeiro mito é de que, se estamos numa estrutura colaborativa, em que é incentivada a participação de todos, então todos precisam participar de todas as decisões. Mas o problema é que, ao fazermos isso, engessamos as decisões e as tornamos muito morosas, fazendo com que o trabalho do grupo se torne ineficiente.


A questão aqui é: como podemos nos organizar como grupo, de forma inteligente, de maneira a aproveitar o potencial de cada um em prol dos objetivos do todo? Como fazer isso sem sermos lentos nas decisões e ações? Como respeitar e conciliar as vontades de cada um, sem levar ao caos?


Esta questão nos remete à necessidade de encontrarmos uma estrutura de gestão colaborativa adequada, definindo com clareza os papéis, limites e responsabilidades de cada equipe e de cada indivíduo.


Não tem conflitos


Essa é uma grande ilusão que surge da ideia de que, se todos participam das decisões, então não haverá conflitos no grupo. Mas a questão é que somos diferentes uns dos outros, portanto é natural que ocorram divergências e conflitos. E quando estimulamos a participação de todos, na verdade, é esperado que haja mais conflitos, porque cada indivíduo se sente mais à vontade para trazer sua posição, mesmo que ela seja divergente da posição dos outros. E a divergência expressa a diversidade, enriquece as discussões e permite encontrar soluções mais criativas


A questão então é: como aproveitar a tensão gerada pelos conflitos que surgem da diversidade do grupo, de maneira a melhorarmos as decisões sem minar os relacionamentos e a confiança?


Esta questão nos remete à necessidade de aceitarmos os conflitos como inerentes ao processo de desenvolvimento do grupo, como algo positivo quando acontecem dentro de um espaço de confiança mútua, que precisa ser estimulado a todo momento.


Todos têm que concordar


Esta crença está ligada à ilusão anterior, de que num ambiente colaborativo não pode haver conflito e, por isso, todos têm de concordar com o que pensa a maioria. Como vimos no mito anterior, é justamente a discordância que propicia a riqueza das discussões e que permite encontrar soluções mais criativas.


Não precisa de liderança


Esta crença está baseada na ideia de que o líder tende a impor sua vontade aos demais integrantes do grupo. E que um grupo de pessoas que colaboram entre si, tem condições de se direcionar por si mesmo, sem imposição de um dos seus integrantes. Mas um grupo é formado por indivíduos diversos. Um grupo não age sozinho, quem age são os indivíduos que o integram. Portanto, para algo acontecer num grupo, inicialmente é necessária a tomada de iniciativa de um indivíduo. E quando não há clareza de quem é responsável pela liderança, a tendência é o grupo ficar perdido, sem direcionamento claro, dando espaço para o surgimento de uma liderança oculta, sem legitimidade.


Portanto, a questão aqui é termos clareza do papel do líder, de incentivar o envolvimento e a participação de todos e de, ao mesmo tempo, trazer um direcionamento claro para o grupo, na busca dos resultados esperados, alinhados com os objetivos e estratégias da organização.


O líder é obrigado a acatar as ideias da equipe


No mito anterior vimos a importância do papel da liderança no direcionamento do grupo e no envolvimento e mobilização de seus integrantes. Mas ainda persiste o mito de que, se somos colaborativos, o líder deve sempre acatar as sugestões e ideias que surgem do grupo. Ora, o líder também é um dos integrantes do grupo e, portanto, também tem o direito de divergir. E, apesar de todos serem responsáveis pela busca dos resultados, por ter uma visão mais ampla dos objetivos e estratégias da organização, o líder pode ter uma visão mais qualificada do direcionamento a ser tomado.


Portanto, é responsabilidade do líder mostrar o direcionamento adequado quando surgem ideias e sugestões que podem levar a desviar o grupo dos resultados esperados.


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