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Pinguela

Beto Dertoni

Do lado de cá, o seguro, conhecido, já andado.
Do lado de lá, o novo, ousado, inusitado.
Paisagens antigas aqui, bruscas mudanças ali.
De um lado, o cinza, monótono, certinho.
Do outro, multi-cores, agitado, fugidio.

Quem dera um dia atravessar a ponte...
Quem dera um dia renovar a fonte...
O tempo vai, dou mil voltas e a passagem ainda está longe.
Nem sei mais se um dia alcanço.

Mas se o caminho sou eu?
E se a busca for eterna?

Miragem, nuvem, turva visão.
De um lado para outro quero atravessar.
Um novo mundo, inteiro, quero conquistar.

Mas se olho dentro, o que enxergo?
Onde está a chave que permite ver?
Como foi que tudo se perdeu?

As duas margens são a mesma
e a pinguela sou eu.

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